O mês de Rajab

Existe entre as pessoas um grande mal entendido a respeito do mês de Rajab – o sétimo do calendário islâmico, pelo que se torna importante esclarecer a sua realidade.

Significado do mês de Rajab

O que encontramos em narrações autênticas de Mensageiro de Allah (que a Paz e Bençãos de Deus estejam com ele) a respeito deste mês é que, ao avistar a respectiva Lua Nova, Mensageiro de Allah (que a Paz e Bençãos de Deus estejam com ele) fazia o seguinte Duá:

“Allahumma bárik laná fi rajaba, wa sha’bána, wa bal’ligná ramadhána.”

Cuja tradução é a seguinte:

“Ó ALLAH! Abençoai-nos os meses de Rajab e Sha’bán e façai-nos alcançar o mês de Ramadhán”.

Este Duá traduz-se num pedido ao nosso Criador, para que Ele prolongue a nossa vida a fim de que possamos alcançar o sagrado mês de Ramadhán. Por outras palavras, o Profeta (que a Paz e Bençãos de Deus estejam com ele) estava ansioso da chegada do sagrado mês de Ramadhán. Este Duá é provado por uma corrente de narração autêntica, por isso é Sunnat fazê-lo. Caso a pessoa não o tiver efectuado no inicio do mês de Rajab, deverá fazê-lo a qualquer altura do mesmo.

Toda a informação restante que se conhece para além desta é falsa e não possui qualquer base no Shari’ah. Por exemplo, muitos enganam-se à cerca da noite de 27 de Rajab, dizendo tratar-se da noite de Me’ráj (ascensão do Profeta Muhammad (que a Paz e Bençãos de Deus estejam com ele) ao céu) e que se deve tratá-la como se fosse a noite de Al-Qadr (no mês de Ramadhán), julgando-se ainda que as suas virtudes sejam semelhantes às de Lailatul-Qadr.

Além disso, as pessoas acham ainda que para esta noite existem formas específicas de Saláts, em que se devem efectuar tantos rakáts e que em cada um deles recita-se este ou aquele Surah, etc.

Deve-se deixar bem claro aqui que tudo isto não possui qualquer fundamento no Shari’ah, pelo que é fútil e incorrecto.

Primeiro, porque não se pode dizer com exactidão de que a 27ª noite é aquela em que Rassululllah (que a Paz e Bençãos de Deus estejam com ele) dirigiu-se para o Me’ráj (ascensão), visto existirem diferentes opiniões a esse respeito. Em certas narrações encontra-se mencionado que o Me’ráj teve lugar no mês de Rabiul- Awwal (o terceiro do calendário islâmico). Noutras, menciona-se o mês de Rajab e ainda, um outro mês.

Por isso, é difícil dizer-se com precisão qual foi a noite do Me’ráj. Daqui deduz-se que, caso a noite de Me’ráj fosse uma noite especial e com virtudes também especias tal como a noite de Al-Qadr, a sua data teria sido preservada com maior destaque e ênfase. Porém, isso não sucedeu.

Segundo, porque a jornada de Me’ráj teve lugar no quinto ano de Nabuwwat (profecia), o que significa que após este incidente, Mensageiro de Allah (que a Paz e Bençãos de Deus estejam com ele) permaneceu neste mundo por mais 18 anos. Nesses 18 anos, não se comprova em qualquer narração de Rassulullah (que a Paz e Bençãos de Deus estejam com ele), o facto de ele ter recomendado alguma prática específica a respeito da noite de Me’ráj ou de ele próprio tê-la celebrado. Nem mesmo encorajou aos Sahábas para que permanecessem acordados em Ibádat para a obtenção de recompensas, nem ele próprio assim procedeu.

Além disso, os Sahábas viveram neste mundo aproximadamente 100 anos após a morte de Rassulullah (que a Paz e Bençãos de Deus estejam com ele). Nesses 100 anos, não se pode comprovar de alguma narração sequer que os Sahábas tenham celebrado a noite de Me’ráj.

Consequentemente, qualquer acção que não tenha sido comprovada por Mensageiro de Allah (que a Paz e Bençãos de Deus estejam com ele) ou pelos Sahábas, será “inovação” considerá-la Sunnat ou mesmo parte do Din.

Claro que poder-se-á fazer qualquer Ibádat nesta noite assim como em qualquer outra sem distinção.

O segundo Khalifa Umar Al-Faruq (que Allah esteja satisfeito com ele), que jamais tolerou qualquer alteração ou inovação no Din, quando teve conhecimento de que as pessoas estavam jejuando no dia 27 de Rajab, ele saiu ao encontro dessas pessoas e forçou-as a comerem na sua presença, quebrando deste modo o jejum, para que assim ninguém pensasse que o jejum deste dia possui mais virtudes ou mérito do que o de outros dias, não obstante poder-se jejuar facultativamente (jejum Nafl).

Umar (que Allah esteja satisfeito com ele) procedeu dessa forma para não permitir uma eventual prática de Bid’ah (inovação) no futuro. Isto serve de resposta para aqueles que argumentam não haver qualquer mal em fazer-se Ibádat durante a noite e jejum durante o dia de 27 de Rajab, dependendo da intenção feita que só ALLAH sabe.

Umar (que Allah esteja satisfeito com ele) provou através desta proibição de que o Din é Ittiba, i.é, seguirmos o que ALLAH e Seu Mensageiro (que a Paz e Bençãos de Deus estejam com ele) nos instruiram e não aquilo que nós melhor entendermos.

Conclusão

O mês de Rajab é um preâmbulo do mês de Ramadhán; por isso, Mensageiro de Allah (que a Paz e Bençãos de Deus estejam com ele) fazia Duá com três meses de antecedência, para alertar às pessoas a se prepararem para esse grande e sagrado mês que se aproxima, estabelecendo um horário adequado nas suas actividades, para que nenhum instante deste mês seja desperdiçado para além da adoração de ALLAH Ta’ála.

No que diz respeito à própria jornada nocturna de Meh’ráj (ascensão), isso fora um dos milagres de ALLAH sobre o Profeta (que a Paz e Bençãos de Deus estejam com ele). Por outro lado, demostrou-se o elevado grau que Mensageiro de Allah (que a Paz e Bençãos de Deus estejam com ele) tem perante ALLAH e o grande amor que ALLAH Ta’ála nutre pelo Seu Mensageiro (que a Paz e Bençãos de Deus estejam com ele).

A “prenda” de Salát concedida ao Profeta (que a Paz e Bençãos de Deus estejam com ele) deve ser aceite pelos seus seguidores com grande ânimo, tornando-se praticantes regulares da mesma, para a aquisição do sucesso neste mundo e salvação no outro (Ákhirah). Mesmo nos últimos momentos da sua vida, Mensageiro de Allah (que a Paz e Bençãos de Deus estejam com ele) enfaticamente recomendou a prática dos cinco Saláts diários para todos os muçulmanos adultos, homens e mulheres.