O casamento islâmico (Nikah)

13-06-2009 18:58

O casamento (Nikah) é o início de um acto de Ibádah (adoração) partilhado por duas pessoas que voluntariamente submetem-se às leis de ALLAH. É um acto sagrado que, de preferência, deve ser realizado na Sexta-feira após o Salatul Assr, no Masjid (Mesquita) perante testemunhas.

 

O casamento não é só uma união entre o homem e a mulher para a satisfação das suas paixões sexuais, mas também um contrato social com muitas responsabilidades e deveres. O sucesso ou o insucesso do mesmo depende totalmente do casal. Se alguém quiser ter um casamento com êxito, então deve escolher um cônjuge religioso, pois aí se tem a certeza do cumprimento das suas obrigações.

 

A beleza e a riqueza podem adicionar o prazer temporário mas só uma mulher piedosa é que pode trazer as bençãos num lar. Ela será mãe de crianças boas e obedientes e será atenciosa às necessidades do marido e também protegerá a sua honra e a do marido.

 

O panorama actual

 

O Profeta (que a Paz e Bençãos estejam com ele) sempre recomendava às pessoas a procurarem mulheres piedosas, pois elas ajudam o homem a estabelecer o Din (crença e fé) dentro da casa, a criar felicidade e harmonia na vida familiar. Ele recomendava aos pais o seguinte: "Se um homem piedoso e respeitável vos propor o casamento (com vossa filha) aceitai a proposta, pois se não fizerdes haverá na terra muita tentação e corrupção." (Relato de At-Tirmizi)

 

Hoje em dia muitas propostas são rejeitadas porque os pais julgam-nas na base da vida mundana. As orientações do Profeta (que a Paz e Bençãos estejam com ele) estão a ser ignoradas e esquecidas totalmente. As propostas são examinadas se correspondem a um padrão mundano de riqueza, aparência, posição e grau social. Então são aceites e tomadas em consideração. Caso contrário, são rejeitadas.

 

Se o rapaz ou a menina é religiosa e pertence a uma família respeitável então deve-se-lhes fazer casar, pois o seu futuro e o rizq (provisão) estão só na Mão de ALLAH.

O Din deve ser critério básico para a escolha, pois se alguém casar com uma mulher que não é religiosa mesmo se possuir uma boa educação escolar, ela quererá impor na casa um ambiente laico em vez de religioso e depois surgirão disputas no casal sobre as roupas finas e ornamentos. Ela não poderá dar uma educação religiosa aos filhos, nem terá tempo e paciência para tal. Aliás, até poderá ridicularizar e desprezar a religião.

 

Hoje em dia, os jovens muçulmanos não ligam este aspecto importante e escolhem parceiras na base de amor, aparência, estilo e riqueza, submetendo-se assim nas tentações do padrão mundano. O facto de vivermos numa sociedade livre e mista não quer dizer que tenhamos que viver à maneira dos outros.

 

Nós possuímos os belos ensinamentos do Alcorão e do nosso Profeta (que a Paz e Bençãos estejam com ele) e por isso devemos aplicá-los para adquirirmos uma harmonia perfeita, amor e respeito nas nossas casas.

Hoje em dia, devido à negligência neste aspecto, estamos a pagar caro, pois notamos muitos lares a quebrarem e o número de divórcios a aumentar.

O amor fora do casamento é totalmente Harám (proibido) no Islão, porque é desastroso e cujas consequências estamos a ver no nosso dia-a-dia. O Profeta (que a Paz e Bençãos estejam com ele) disse: "Quem puder casar mesmo assim não se casa, não pertence ao meu grupo." (Relato de At-Tabarani e AI-Baihaqui)

Devemos ensinar os nossos filhos a escolherem parceiros na base do Din, isso é uma obrigação dos pais.

O Profeta (que a Paz e Bençãos estejam com ele), falando do critério na escolha da mulher disse: "Casa-se com a mulher por causa de quatro qualidades: devido a sua riqueza, a sua linhagem, a sua beleza e a sua religiosidade. Para o teu sucesso opte pela sua religiosidade." (Relato de AI-Bukhari e Musslim)

 

O que o Islão diz sobre o casamento

 

O Islão é uma religião de pureza e de castidade e é por isso que não permite o namoro e recomenda que façamos casar os nossos filhos o mais rápido possível logo que tiver um parceiro ou parceira conveniente, pois o Satanás está a procura de ocasiões para facilmente levar os jovens a cometer o adultério.

 

De facto o verdadeiro coitado é esse que não tem mulher. O Islão não aceita o monaquismo. Para compreendermos melhor o instinto humano criado por ALLAH e repudiarmos a esses que possuem instintos negativos e anti-naturais vamos apresentar um Hadith em que consta que três Sahabas foram à casa do Profeta (que a Paz e Bençãos estejam com ele) afim de saberem acerca do Ibádah que ele fazia em casa.

 

Quando foram informados, um deles disse: “A partir de hoje passarei a noite toda acordado em Ibádah”. Outro disse: “Eu jejuarei o resto da minha vida”. O terceiro disse: “Quanto a mim, vou ficar longe das mulheres e jamais me casarei.

O Profeta (que a Paz e Bençãos estejam com ele) quando chegou e soube da conversa travada por eles, disse-lhes: “Juro por ALLAH, eu temo mais ALLAH e faço mais adoração que vós, mesmo assim jejuo e me alimento; faço o Salah, durmo e caso-me. Portanto, sabei quem rejeita o meu Sunnah não pertence ao meu grupo.” (Relato de AI-Bukhari e Musslim)

 

Este Hadith demonstra que o Islão considera o casamento algo natural e parte do instinto humano. É só através do casamento que pode se garantir a continuação da espécie Humana, evitar as imoralidades na sociedade e os vários malefícios provocados pelo adultério. Por isso, a Bíblia também diz: "Crescei e multiplicai-vos. Enchei e dominai a terra.” (Génesis 1, 28)

 

O casamento é a única via lícita para se adquirir o sossego, o conforto e a tranquilidade espiritual. E o casal só pode contribuir mutuamente na edificação do lar familiar através do casamento. O Alcorão diz: «Elas são o vosso vestuário e vós sois o vestuário delas.» (Cap. 2 Vers 187)

E diz: «Casai entre vós essas que são solteiras.» (Cap. 4 Vers 3)

 

O casamento do ponto de vista islâmico

 

No Islão, o casamento não é só uma cerimónia religiosa, é um contrato contraído voluntariamente pelo marido e mulher. Ao contrair esse contrato, a mulher não perde nenhum dos seus direitos naturais dados por ALLAH, ou seja, a sua propriedade e identidade continuam independentes.

 

A cerimónia do casamento pode ser realizada em qualquer lugar e não é necessário que seja o Imam, Sheik, Maulana ou Muálim a realizá-lo. Contudo, a benção de realizar na Casa de ALLAH não pode ser subestimada.

 

O Profeta (que a Paz e Bençãos estejam com ele) disse: "A pessoa será recompensada por tudo aquilo que gasta para a sua mulher, mesmo pelo bocado de comida que ele coloca na boca dela."

 

Segundo o Alcorão, para se realizar o casamento, o homem tem que ser muçulmano, a mulher pode ser muçulmana, judia ou cristã. Um homem muçulmano não pode casar com uma idólatra, enquanto ela não abraçar o Islão. É de salientar que o Alcorão proíbe um não muçulmano casar-se com uma muçulmana. Outra limitação é de que a mulher muçulmana tem que ser solteira. Se for viúva ou divorciada, então não deve estar  grávida, não podendo casar antes do seu Iddat (período de espera) terminar, i.é, os primeiros três meses a seguir ao seu casamento anterior. No caso de mulher divorciada, o anterior marido tem que dar sustento durante o Iddat ou então até ela dar à luz se estiver grávida. Depois disso, ela pode casar com quem ela quiser, caso assim deseje.

 

Esta restrição visa ajudar a verificar a paternidade da criança, resultante do casamento anterior. Também é proibido casar-se com duas irmãs simultaneamente. O homem no casamento Islâmico não está limitado a uma mulher. O Islão permite que o homem muçulmano case simultaneamente até quatro mulheres sob condição de tratar por igual e justamente a todas elas. Caso não consiga cumprir com esta condição, ele deve limitar-se a uma única mulher.

 

O casamento pode ser realizado em qualquer dia e mês do ano, mesmo no mês de Ramadan ou Muharram. No Islão não existe a obrigatoriedade de padrinhos nem madrinhas no  casamento.

 

No acto de Nikah não é preciso mandar recitar o Kalima ao noivo nem a noiva, isto se tiver a certeza de que ele é muçulmano, pois, duvidar na crença dum muçulmano é um grave pecado e ofensa imperdoável.

 

Depois de o Imam recitar o Khutba de Nikah, deve dizer ao noivo para este manifestar o seu consentimento perante os presentes com palavras conhecidas. Para isso, cada zona tem as suas formas diferentes e não é necessário ser em árabe.

Isto chama-se "Al-ljáb wal Qubul" (consentimento mútuo). Com essa palavras em ambos os lados, o casamento está realizado. A seguir o Imam e os presentes felicitam ao noivo dizendo:

 

"BARAKALLAHU LAKA, WA BARAKA ALAIKUMÁ WA JAMA A BAINAKUMÁ FI KHAIR"

(que Deus vos abençoe e mantenha ambos no bom caminho)

 

(Relato de At-Titmizi, Abu Daud, Ibn Mája)

 

E no fim faz-se Duá para os recém-casados terem êxito e sucesso, na sua nova vida e do Akhirah.

 

 

 

Deve-se evitar as tradições que se tornaram muito comuns hoje em dia e que não têm nenhuma relação com a nossa religião islâmica e não trazem nenhum beneficio. Pelo contrário, muitas delas só trazem prejuízo e têm as suas raízes nos ocidentais, nos pagãos e idolatras.  Muitas delas contrariam o espírito do Islão e eliminam o Barakah (a benção) do casamento.

 

Devemos edificar este novo edifício e esta nova vida abençoada nos alicerces e bases do Alcorão, Sunna do Sagrado Profeta (que a Paz e Bençãos estejam com ele) e em conformidade com a Sha'riah, para sermos um meio de bondade e benção e atrairmos a felicidade e a misericórdia divina para a geração vindoura.

 

Devemos evitar tudo o que não é islâmico; a congregação de homens e mulheres estranhas, nos clubes e salões, as danças, os copos de água  excessivos em que o esbanjamento de riquezas serve para  mostrar ao mundo e ser falado.

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