O Azán (chamamento para a oração)

11-04-2009 23:23

O Islão é uma religião Divina e qualquer acção nela recomendada é cheia de prudência. Quanto maior for a classificação da acção, maior será a sua prudência.

O Azán é um dos “Shiár-e-Islam” – símbolos salientes do Islão. As palavras e a sua respectiva sequência contidas no Azán assim como o seu objectivo, são também cheios de prudência.

O Azán é um convite para que possamos usufruir das recompensas por sermos um grupo que exorta o bem e proíbe o mal – modelo que foi adoptado pelo Profeta Muhammad (que a Paz e Bençãos de Deus estejam com ele) e pelos Sahábas (que Deus esteja satisfeito com eles).

 

Segundo o Al-Qur’án e o Hadice, o crente deve reconhecer os direitos das criaturas de ALLAH, tornando-se cortês e humilde para com elas. Deve desejar para outros o que deseja para si próprio.

O Muazzin (pessoa que faz o chamamento) é um dos que deseja o bem para todos os seus irmãos. O chamamento ou convite é direccionado a todos aqueles que aceitaram o Tauhid (Unicidade de ALLAH) e Rissálat (Profecia).

O Dai (pregador) é como o Muazzin, ambos chamam as pessoas para o reconhecimento de ALLAH. O Azán chama as pessoas para o Salát e este é a ascenção do crente perante ALLAH.

 

Surgimento do Azán

 

Após a obrigatoriedade da prática dos cinco Salátes diários, surgiu a necessidade de procurar um método efectivo para se informar aos crentes acerca da chegada da hora de cada Salát.

O Profeta Muhammad (que a Paz e Bençãos de Deus estejam com ele), seguindo as directivas Divinas do “Shura” (consultação mútua), convidou os Sahábas a apresentarem as suas opiniões a esse respeito. Cada um expôs o seu ponto de vista, que variava desde o tocar uma trombeta ou um tambor, acender uma fogueira no alto da montanha que fosse visível a todos e até o tocar do sino foi sugerido. Contudo, o Profeta Muhammad (que a Paz e Bençãos de Deus estejam com ele) não se mostrou satisfeito com nenhuma dessas sugestões pois em todas elas, de um modo ou doutro, havia sinais que se assemelhavam aos povos adoradores do fogo (Majus), idólatras e mesmo cristãos.

 

Uma vez que no final da reunião não se chegou a qualquer consenso, propôs-se uma outra reunião a fim de se proporcionar mais tempo, para que os participantes pudessem reflectir melhor.

Aconteceu que, por planeamento Divino, um Sahábi de nome Abdullah Bin Zaid Bin Abdê-Rabbihi (que Deus esteja satisfeito com ele) sonhou com uma pessoa vestida de branco (que na realidade tratava-se dum anjo) a perguntar-lhe o motivo da sua preocupação. Quando o Sahábi lhe contou o que se passava em relação à questão do Azán, o anjo ensinou-lhe as palavras de Azán, que até os dias de hoje se encontra em prática.

 

Na manhã seguinte, quando o Sahábi contou o seu sonho ao Profeta Muhammad (que a Paz e Bençãos de Deus estejam com ele), este de imediato aprovou-o, instruindo a Bilal (que Deus esteja satisfeito com ele) e a Abdullah Ibn Ummê-Maktum (que Deus esteja satisfeito com ele) para que memorizassem as palavras e que posteriormente as utilizassem como o chamamento para as cinco orações diárias.

 

Umar Ibn Khattáb (que Deus esteja satisfeito com ele) também teve um sonho semelhante, que só viria a confirmar e consolidar o sonho de Abdullah Bin Zaid Bin Abdê-Rabbihi (que Deus esteja satisfeito com ele). Portanto, foi desta forma que se originou o Azán que se ecoa em todos os cantos do globo terrestre. Analisando as palavras e a sequência delas que compõem o Azán, encontramos nela a grandeza, a dignidade, a glória, o poder e a força de ALLAH.

Ao analisarmos a vida dos Profetas anteriores, notamos que o Tauhid é seguido por Rissálat. Sem Rissálat, o Imán dum muçulmano não é considerado completo. Os Sahábas aperceberam-se disso e a história é testemunho desse facto.

 

Correcção da intenção por parte do chamador

 

Para qualquer acção é necessário ter-se em conta a intenção, pois qualquer acção é seguida da intenção.

O Muazzin e a pessoa que exorta para o bem, estão referidos no seguinte versículo: “Quem é mais eloquente do que aquele que chama para ALLAH, pratica o bem e diz: Eu sou de entre os muçulmanos”. [Al-Qur’án 41:33] Para ambos, a “correcção da intenção” é essencial. Isso só poderá ser alcançado quando o Imán em ALLAH e no Seu Mensageiro estiver firme.

Quando alguma acção é destinada somente para o agrado de ALLAH, só dessa forma poderá se dizer que ela foi praticada com Ikhláss (sinceridade). O chamamento deve ser somente para a satísfação de ALLAH e não alguma forma de interesse mundano (riqueza, fama, posição, etc.). O Shaitán tenta sempre estragar as boas acções; por isso, devemos ter o cuidado de não tornar uma boa acção em oca, sem vida ou inaceitável.

 

Azán representa basicamente o chamamento para o Salát; tal como o Muazzin, também o Dai deve convidar as pessoas para o Salát. A seguir ao Kalimah, o Salát é a mais distinta acção de entre as outras. O Profeta Muhammad (que a Paz e Bençãos de Deus estejam com ele) disse: “Aquele que abandonar o Salát intencionalmente, torna-se um infiél”. O Azán por si só é um Zikr, chamando para o Zikr (Salát, etc).

 

Azán à volta do mundo

 

O Azán mostra-se como um meio incrível para a proclamação da Unicidade do Poderoso ALLAH e da Profecia de Muhammad (que a Paz e Bençãos de Deus estejam com ele), o qual constantemente é ecoado à volta do globo. Por mais incrível que pareça, este é um facto concreto. Ao lançarmos um olhar pelo mundo, encontraremos a Indonésia (um país islâmico) do lado oriental, constituída por numerosas ilhas, sendo Java, Sumatra, Borneo e Saibil, as principais de entre elas. É o maior país islâmico do mundo, com cerca de 180 milhões de habitantes (o número de não-muçulmanos é relativamente pequeno).

 

Logo que rompe a aurora no extremo oriental de Saibil, aproximadamente às 5:30 horas locais, inicia-se o Azán de Al-Fajr. Milhares de Muazzins começam a proclamar o Tauhid de ALLAH, O Omnipotente, O Omnisciente, e o Rissalát do Profeta Muhammad (que a Paz e Bençãos de Deus estejam com ele).

 

Logo após e num processo semelhante, vai rompendo a aurora nas ilhas ocidentais da Indonésia. A diferença horária entre as ilhas ocidentais e orientais da Indonésia é de 1,5 horas.

Assim, hora e meia após o Azán ter sido completado em Saibil, é ecoado em Jakarta, nas ilhas de Java e Sumatra, seguindo depois o mesmo ritmo.

Antes deste processo terminar na Indonésia, ele já terá começado na Malásia. Burma encontra-se a seguir na linha e dentro de 1 hora da mesma ter começado em Jakarta, chega-se à Dakka, a cidade capital do Bangladesh.

Assim que o Azán termina em Bangladesh, ele já prevalece no ocidente da India, desde Calcutta até Srinagar. Após isso, avança em direcção a Mumbai e o ambiente de toda India é ecoado por esta explêndida proclamação.

 

Srinagar e Sialkot (cidade ao norte de Paquistão) possuem o mesmo horário de Azán. A diferença horária entre Sialkot, Kota, Karachi e Gowadar (cidade em Baluchistan, uma província do Paquistão) é de 40 minutos e dentro deste espaço de tempo, o Azán é escutado em todo o Paquistão.

Antes dele terminar lá, já terá iniciado em Afeganistão e Mascat. A diferença horária entre Mascat e Bagdad é de 1 hora. Dentro desta 1 hora, o Azán é ecoado nas zonas de Hijáz-e-Muqaddass (as cidades Santas de Makkah e Madina), Yémen, Emiratos, Kuwait e Iraque. A diferença horária entre Bagdad e Alexandria (no Egipto) é também de 1 hora. O Azán continua a ser ecoado na Síria, Egipto, Somália e Sudão dentro desta hora.

 

Alexandria e Istambul estão situados na mesma longitude geográfica. A diferença horária entre a parte oriental e ocidental da Turquia é de 1,5 horas e durante este tempo, o chamamento é ecoado por estas áreas. Alexandria e Tripoli (capital da Líbia) estão localizados a 1 hora de diferença entre eles.

 

Deste modo, o processo do chamamento continua por toda o Continente Africano. Por conseguinte, a proclamação da Unicidade de ALLAH e da Profecia de Muhammad (que a Paz e Bençãos de Deus estejam com ele) que havia sido iniciada nas ilhas orientais da Indonésia, chega à margem oriental do Oceano Atlântico, após 9,5 horas.

 

Antes do Azán chegar às margens do Atlântico, o processo do chamamento para o Az-Zuhr já principiara no oriente da Indonésia e antes de chegar à Dakka, o Azán de Al-Assr já começara.

Assim sucessivamente, chega-se a Jakarta 1 hora e 30 minutos mais tarde, quando já é hora do Azán para o Salátul-Maghrib. Assim que a hora de Maghrib chega a Sumatra, a hora para se efectuar o Azán de Al-Ishá já terá começado em Saibil. Quando os Muazzins da Indonésia estão a efectuar novamente o Azán para o Salátul- Fajr, os Muazzins em África encontram-se a efectuar o Azán para o Salátul-Ishá.

 

Se nós meditarmos sobre este fenómeno, chegaremos à conclusão deste facto incrível de que em todo o momento, milhares de Muazzins à volta do mundo encontram-se a proclamar a Unicidade do Poderoso ALLAH e a Profecia de Muhammad (que a Paz e Bençãos de Deus estejam com ele). Não existe um único momento sem que isso não esteja a acontecer sobre a face da Terra! Inshá-Allah, este chamamento universal e contínuo não cessará até ao Dia do Julgamento (Quiyámah) e todos nós devemos fazer Duá para tal.

 

Alguns massáil relacionados ao Azán

 

1.    Ninguém está autorizado a dar o Azán na presença do Muazzin, a não ser com a prévia autorização deste.

2.    É extremamente importante para o Muazzin pronunciar correctamente as letras e frases do Azán, conhecer os Massáils relacionados com o mesmo e o horário dos Saláts.

3.    O Azán de uma criança (que não tenha atingido a puberdade) é válido. Contudo, é preferível que seja um adulto a dar o Azán.

4.    O Azán que tiver sido dado antes do tempo do Salát, deverá ser repetido. Caso contrário, o Salát será considerado como tendo sido efectuado sem o Azán, e efectuar o Salát sem Azán é contrário ao Sunnat e é considerado Makruh (indesejável).

5.    A recitação do “Salát e Salám” antes do Azán não está comprovado pelo Profeta (que a Paz e Bençãos de Deus estejam com ele), nem pelos Sahábas e nem pelos seus sucessores, embora o Azán teve o seu início desde a era do Profeta (que a Paz e Bençãos de Deus estejam com ele). Por isso, essa prática é considerada uma inovação (Bid’ah) e é rejeitada pelas palavras do Profeta (que a Paz e Bençãos de Deus estejam com ele).

6.    Não está comprovada a recitação de “Bissmillah” antes do Azán, nem através dos Sahábas, nem pelos Tabi’ins e nem pelos Tab-Tabi’ins.

7.    O Azán escutado por meio duma gravação não é considerado como Azán real, o que faz com que a resposta a tal chamamento não se torne necessária.

8.    Para a pessoa que estiver a fazer o Tiláwatul-Qur’án (leitura do Qur’án), é preferível interrompê-lo e responder ao Azán. Quanto ao Salát, se já tiver começado antes do início do Azán, então deverá continuar com o mesmo; caso contrário, deve esperar pelo término do Azán.

9.    As senhoras também deverão responder ao Azán.

10. Não se deve responder ao Azán do Khutba.

11. Deve-se responder ao Azán repetindo em voz baixa as mesmas frases do Muazzin, logo após este tê-las pronunciado. A única diferença é que após o Muazzin pronunciar as frases Hayyá Alas-Saláh e Hayyá Alal-Faláh, deve-se responder recitando:

 

 

 

No Azán de Salátul-Fajr, após o Muazzin pronunciar As-Salátu Khairum Minan-Naum, deve-se responder:

 

 

 

12. Não se deve responder ao Azán nos seguintes momentos:

a) Durante o Salát;

b) Enquanto estiver a escutar o Khutba, quer seja de Jumu’ah, Ide ou qualquer outro;

c) Em estado de Haidh (menstruação) e Nifáss (pós-parto), para as mulheres;

d) No momento em que se estiver a aprender ou a ensinar o Ilm-e-Din;

e) Durante a relação sexual;

f) Quando estiver a satisfazer as necessidades menor ou maior;

g) Durante a refeição.

 

 

13. Levantar as mãos após o Azán para fazer Duá não está comprovado. O Duá deve ser feito somente verbalmente e o método Sunnah é o de primeiro recitarmos o Durud Sharif e Duá-e-Wassila de seguida; depois recíta-se o quarto Kalimah. Por fim, recita-se o seguinte Duá:

 



 

14. Para os homens, é Sunnatul-Muakkidah pronunciar o Azán para todos os Saláts Fardhs, i.é, os cinco Saláts diários e o Jumu’ah, quer seja residente ou viajante, quer o Salát seja feito em Jamá’ah (congregação) ou individualmente.

15. É Makruh (indesejável) as mulheres darem o Azán ou Iqámah.

16. O Azán é Sunnat apenas para os cinco Saláts diários e para o Jumu’ah. Não há Azán para os Saláts de Ide e de Janázah, bem como para qualquer outro Salát Wájib ou Nafl.

17. É Sunnat dar o Azán no ouvido direito e o Iqámat no ouvido esquerdo duma criança recém-nascida.

18. As etiquetas para se efectuar o Azán são as seguintes:

a) O Muazzin deve estar limpo e puro de Hadass-e-Akbar (impureza que necessita de Ghussl) e Hadass-e-Assghar (impureza que necessita de Wuzú);

b) Estar de pé, virado para o Quiblah e de preferência num lugar elevado, fora do recinto principal do Massjid, i.é, fora do local onde o Salát é efectuado;

c) Dar o Azán em voz alta e com os dedos indicadores colocados dentro dos respectivos ouvidos, observando uma pausa após cada frase do Azán.

d) Virar a face ligeiramente para a direita quando disser Hayyá Alas-Saláh, e ligeiramente para a esquerda quando disser Hayyá Alal-Faláh, i.é, não virar o corpo todo, tendo o cuidado de mantê-lo virado para o Quiblah (o mesmo não se aplica ao Iqámah).

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